quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Quais são as principais causas e tipos de Lesões do Aparelho Locomotor em Corredores?

Nos dias atuais o número de praticantes de atividade física amadora e recreacional aumenta de modo abrupto, sendo praticado tanto por crianças quanto por adultos. No entanto, o numero de lesões osteomioarticulares vem aumentando em uma proporção equivalente ao aumento da pratica de exercícios físicos.

A prática inadequada de exercícios físicos pode provocar lesões agudas ou crônicas. A lesão aguda é caracterizada por um trauma único, que gera luxações, fraturas e contusões. A lesão crônica ou lesões por overuse, tais como, fratura por estresse, síndrome compartimentais e tendinopatias são alguns dos exemplos desse tipo de lesão. As lesões por overuse acometem 50% dos adultos atletas e 22% dos atletas infatojuvenis e são resultado da aplicação de carga repetida sobre as estruturas ósseas, tendíneas e musculares que supera a capacidade fisiológica do conjunto osteomuscular.

A incidência dessas lesões varia de acordo com a modalidade praticada, a idade, o sexo, a habilidade e capacidade (grau de participação), posição de jogo, tipo de piso, entre outros.

O aparelho locomotor tem uma abrangente capacidade de se adaptar as cargas impostas durante o período de treinamento. Essas adaptações promovem o aumento da densidade óssea, hipertrofia muscular, aumento de fibras de colágeno no tendão e incremento da cartilagem articular, tornando essa mais espessa. Para que tais benefícios sejam vistos, existe um Limiar Fisiológico, mas se as aplicações de carga ultrapassar esse limiar o resultado será o comprometimento dessas estruturas.

As lesões podem ser provocadas por fatores extrínsecos, tais como, erros na aplicação de treino sendo que essa esta associada a 60% das causas de lesões na corrida. Esses erros estão ligados a aplicação inadequada das variáveis do treinamento (volume, intensidade e freqüência) em conjunto com uma periodização errônea. Alem dos erros de execução de movimento, ou seja, a técnica ou gesto esportivo e o não descanso de pelo menos um dia na semana de treinamento.

O calçado e a superfície de treino são fatores importantes, entre eles, a numeração do calçado deve permitir uma folga, pois o pé durante a atividade edemacia podendo provocar lesões no pé e formações de bolhas. O tipo de marcha também deve ser bem analisado para escolha do calçado, pois de acordo com o tipo de pisada (neutra, hiperpronada e hipopronada) é recomendado um tipo de calçado.

A superfície do treinamento é de suma importância. Já que alterações de terreno provocam uma aplicação de graus de impacto diferentes daquela que o conjunto osteomuscular estava adaptado.

Dentro dos fatores intrínsecos está a flexibilidade, pois uma redução de sua capacidade compromete o amortecimento do impacto, propiciando maior estresse no tendão e na articulação adjacente.

A força e balanceamento também são de grande importância. Existe uma relação de força balanceada entre os músculos agonistas e antagonista que promove um equilíbrio muscular e funcional. Se a prescrição de treinamento não obedecer a essa relação de equilíbrio haverá um maior risco de lesão, resultando na incapacidade do sistema muscular promover a estabilização das aplicações carga.

As variações atômicas e biomecânicas do individuo devem ser bem avaliadas para a prescrição do treinamento. Já que existem variações mais associadas às lesões, tais como, pés cavos, planos, hiperpronação, tíbia vara, joelho valgo, ângulo Q aumentado, principalmente em mulheres, desequilíbrio dos músculos agonistas e antagonistas, fraqueza muscular e discrepância do comprimento dos membros inferiores.

As lesões mais frequente em corredores são:

A tendinite patelar, conhecida como joelho de saltador. Sua evolução ocorre devido a uma desproporção da força excêntrica do mecanismo extensor do joelho, gerando uma maior sobre carga no tendão e diminuição do alongamento do quadríceps e isquiotibial.

A síndrome do Trato Iliotibial: os sintomas mais evidenciados são dor na região do terço inferior da lateral da coxa durante a atividade física. Isso ocorre devido a uma maior tensão na banda durante a corrida somada a um encurtamento da banda iliotibial, musculatura abdutora enfraquecida e pronacão do pé excessiva durante a corrida.

Tendinopatia Calcânea: é a tendinite mais comum em corredores. Os sintomas são dor no calcanhar durante a corrida e a deambulação. A dorsiflexão também pode exacerbar a dor. As causas mais comuns são pé cavo, complexo gastrocnemiossóleo encurtado e pronação excessiva.

Fascite Plantar: é a inflamação da banda formada por tecido conectivo na região plantar do pé. Sua principal Função é estabilizar o médio e antepé durante marcha. Seu principal sintoma é a “queimação” da região plantar durante a corrida e ao colocar os pés no chão pela manha.

Síndrome patelofemoral ou condromalácia: tem como característica principal dor na região retropatelar ou peripatelar, causa nos exercícios de flexão completa dos joelhos, na corrida e natação (estilos borboleta e peito). Sua maior prevalência é no sexo feminino em razão da biomecânica alterada dos membros inferiores aumentando a pressão da patela sobre o fêmur. 
Além de desequilíbrios musculares dos músculos que compõe o quadríceps e fraqueza de glúteo médio.

Portanto é de uma importância a pré-avaliação postural, a prescrição detalhada e bem elaborada do preparador físico em conjunto com outros profissionais da saúde.

Referencia Bibliográfica:

NEGRÃO, C. E; BARRETO, A. C. P.: Cardiologia do Exercício: Do atleta ao cardiopata, 3° edição, Editora Manole, 2010.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que é o Treinamento concorrente? E quais são suas implicações na composição corporal e geração de força?

O treinamento concorrente (TC) é  denominado pela utilização simultânea de duas capacidades biomotoras que competem entre si, no caso desse artigo iremos discutir a força e a resistência. A autilização dessas duas capacidades físicas irá gerar um problema logístico e provavelmente limitar o seu desenvolvimento, devido as adptações distintas induzidas pelos dois tipos de treinamento.

Os possíveis mecanismos responsáveis pela interferença na força em decorrência do TC, são de características neurais, disponibilidade de conteúdo energético, interconversão das isoformas de miosina e alterações na síntese protéica.

Dentro dos fatores neurais ainda não foi bem esclarecido se o recrutamento das unidades mortoras (UMs) seria afetado, dificultando o desenvolvimento da força. No entanto, é percebido que esse mecanismo de treinamento atenua a ativação neural voluntaria, resultando numa queda da geração de potência.

O conteúdo energético em sucessivas sessões de treinamento de força e de resistência diminui drasticamente os níveis de glicogênio muscular dificultando a realização da atividade subseqüente.

As isoformas das cadeias pesadas de miosina (MHC), também podem ser relacionadas com a inibição do desenvolvimento da força no TC. Tais fatos ocorrem, devido a resposta hipertrófica ser maior nas fibras rápidas tipo IIa quando comparadas com as fibras lentas tipo I. Portanto estímulos de resistência são responsáveis por atenuar a velocidade de encurtamento das fibras rápidas, resultando numa redução do aumento da área de secção transversa do tipo IIa, limitando o aumento da massa muscular e concomitantemente a geração de força.
As distinções das sinalizações intracelulares para síntese protéica entre as diferentes capacidades biomotoras força e resistência são fatores responsáveis pelo decréscimo na geração de força e aumento da massa muscular.

Após uma sessão de treinamento de força ocorre o incremento de enzimas citosólicas como a PI3k, PKB, mTOR e a proteína ribossomal S6 quinase 1 (S6K1). Essas enzimas são responsáveis por ativar as vias de sinalização que modula a sintese protéica. Já após uma sessão de treinamento de resistência (aeróbio) ocorre a ativação da proteína  AMPquinase (AMPK), responsável por controlar a homeostase energética celular. A modulação dessa proteína ocorre por meio do incremento da razão ADP/ATP, AMP, depledação da creatina fosfato (PCr) e queda do glicogênio muscular.Estudos recentes demonstram que a ativação da via AMPK reduz a síntese protéica por meio da inibição da sinalização da mTOR.

Portanto, podemos concluir que o treinamento de força gera um potente estimulo nas  vias de sinalização protéica através do incremento da atividade da mTOR, mas se logo após for realizado o treinamento de resistência (aeróbio) a ativação da via AMPK pode inibir ou atenuar a atividade da mTOR, causando uma resposta negativa para aqueles indivíduos que querem desenvolver grandes volumes musculares. No entanto, para indivíduos que pretende  obter uma melhora da composição corporal voltada para a diminuição do percentual de gordura, treinar força e logo após resistência, propicia uma diminuição no percentual de gordura e ainda um pequeno aumento ou manutenção da massa magra. Já em relação a geração de força o treinamento aeróbio prévio atenua a geração de força, devido a seu efeito residual, ocorrendo numa mesma sessão de treino e em duas sessões de treino no dia.No entanto, esses decréscimos na geração de força depende do tipo de exercício realizado e qual grupo muscular foi treinado.
 Faça a sua escolha!!!!

Referencia Bibliográfica:
IDE, B. N.; LOPES, C. R.; SARRAIPA, M. F.: Fisiologia do Treinamento Esportivo:Força, Potência, Resistência, Periodização e Habilidades Psicológicas. Ed. Phorte, 2011


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quais os Efeitos do Exercício Físico na Fibromialgia?

A Fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dor difusa pelo corpo em combinação com a palpação de pontos dolorosos  em locais específicos, na ausência de outro dor orgânica que a justifique. Alguns sintomas mais evidenciados são a fadiga, alteração no padrão do sono, discreto déficit cognitivo, rigidez articular e sintomas autonômicos. Esses sintomas parecem advir de uma sensibilização central.

Os pacientes fibromialgicos tendem a ter hipotensão postural devido a disfunção do sistema autônomo, dificuldade em suprimir o cortisol sérico por meio de uma alteração no eixo hipotalâmico-hipofise-adrenal, sono entrecortado e não reparador demonstrado por polissonografia devido a uma alteração n o padrão alfa-delta e outro fator que ainda não está muito claro é que níveis menores de ferritina, zinco e magnésio pode estar associado a fisiopatologia da Fibromialgia.

O exercício físico possui um papel importante no paciente fibromialgico já que esse possui dificuldade em realizar atividades da vida diária (AVDs), provocando o sedentarismo, depressão, menor tolerância da dor e fadiga exacerbada. Desse modo, o exercício físico não ira apenas melhorar as capacidades físicas mas sim os sintomas relacionados ao bem estar do individuo portador da doença, citados acima.

O exercício aeróbio melhora da capacidade aeróbia que esta diminuída em pacientes com fibromialgia. Esse melhora pode propiciar um aumento na capacidade de efetuar as AVDs e melhorar os sintomas relacionados a depressão, sono alterado e fadiga. Esse exercício deve ser realizado em intensidade moderada e no mínimo de 12 semanas para provocar efeitos fisiológicos benéficos nos sintomas acima. No entanto, esse tipo de exercício parece não alterar os limiares da dor ou sobre os tender points.
O treinamento de força é de suma importância, pois pacientes fibromialgicos desenvolvem uma perda de força significativa, resultando numa redução em sua capacidade de realizar as AVDs. Alem da melhora da capacidade força o treinamento com pesos parece melhorar os sintomas da dor, podendo até diminuir cerca de 2 tender points ativos, diminuir o sintoma de depressão e um efeito muito importante é a diminuição do tônus vagal, sendo essa uma importante alteração fisiológica na fibromialgia.

A prescrição de exercícios para esse tipo de indivíduos deve ser individualizada, já que alguns pacientes podem responder de maneira distinta as diversas capacidades exercitadas, sendo elas, força, resistência e flexibilidade.
Os exercícios aeróbios devem ser executados de duas a três sessões semanais. Inicialmente um paciente descondicionado e com dores deve realizar de duas a três series de 3 a 5 minutos. A progressão deve almejar que o individuo realize 20 a 30 minutos contínuos com freqüência cardíaca máxima entre 60% a 70%. As modalidades aeróbias podem ser alternadas.

O treinamento de força que tem como objetivo aumentar a capacidade força e massa muscular, deve ser trabalhado em intensidade entre 8 a 12 repetições. O aumento da carga deve ser realizado após um período de adaptação adequado ao próprio paciente. Os exercícios e a quantidade de series devem ser manipulados de modo a não agravar os sintomas dolorosos. Sendo interessante realizá-los em posições confortáveis como sentado ou deitado. O grupamento muscular do membro inferior deve ser priorizado por serem os mais acometidos na Fibromialgia. E o fortalecimento dos músculos estabilizadores da postura, conhecido como CORE, podem melhorar a dor provocada por alterações posturais.

O treinamento voltado para melhora da flexibilidade deve ser introduzido no programa de condicionamento, com o objetivo de melhorar a mobilidade articular decorrente da rigidez causada pela Fibromialgia.  No entanto esse tipo de exercício deve ser feito com cautela, pois seus benefícios ainda não estão bem elucidados.

O importante nessa população é elaborar um programa de treinamento onde a adesão a esse se torne elevado, pois muitos estudos demonstram que existem uma grande falta de adesão do programa de treinamento em indivíduos fibromialgicos.  Além de promover à maior sociabilização desses indivíduos e tornar o treinamento o mais lúdico possível.

Referencia Bibliográfica:
SA PINTO, A. L.; GUALANO, B.; LIMA, F. R., ROSCHEL, H.; Exercício Físico nas Doenças Reumáticas: Efeitos Terapêuticos. Ed. Sarvier, 2011.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Hipertrofia Muscular na ação Excêntrica ou Fase Negativa do movimento:

De acordo com FARTHING & CHILIBECK (2003) o treinamento em ações excêntricas é favorável a hipertrofia muscular, principalmente em ações de alta velocidade angular no equipamento isocinético. Para comprovar essa evidência foi realizado um experimento com 36 sujeitos para analisar o ganho de massa muscular do flexor do cotovelo nas velocidades 180°/s e 30º/s nas ações excêntricas e concêntricas. O treinamento foi dividido em duas fases. A primeira de ação excêntrica em ambas as velocidades (180º/s e 30º/s) durante 8 semanas, separado por 5 semanas de descanso com o intuito de inibir o efeito cruzado. A segunda fase foi realizada apenas ações concêntricas em ambas as velocidades no braço oposto da primeira fase de treinamento. O resultado do presente estudo demonstrou que o treinamento em ações excêntricas obteve um maior ganho de massa muscular do que o treinamento em ações concêntricas. No entanto um fator curioso foi que o treinamento excêntrico num regime de alta velocidade (180°/s), proporcionou o maior ganho de massa muscular comparado com ambos os grupos. O autor determina esse fato ao maior dano muscular, capacidade de geração de força e aumento da porcentagem da fibra tipo II. Em relação ao dano muscular BARROSO et al. (2005) comenta que o efeito do dano muscular é minimizado durante o treinamento físico . Tal efeito é denominado de “Repeated Bout Effect” ou Efeito de carga Repetida, que parece durar por até 9 meses. Esse efeito explica que o corpo produz uma proteção contra o dano muscular. O experimento para verificar esse efeito foi realizado em ações excêntricas, utilizando a creatina quinase (CK) como marcador bioquímico para o dano muscular. Os resultados demonstraram uma diminuição do nível desse marcador na mesma intensidade após a recuperação completa do tecido muscular.




Em relação à maior capacidade de geração de força nas ações excêntricas REEVES et al. (2010) analisa a relação da curva de força e velocidade. No presente estudo é comentado que o treinamento de força convencional subestima as ações excêntricas, pois a prescrição de carga para o treinamento é baseado nas fases positivas do movimento (concêntrica). Portanto, o objetivo do estudo foi comparar se o treino em ações excêntricas causa uma maior hipertrofia muscular comparado com o treinamento convencional (concêntrico/excêntrico). Após 14 semanas de treinamento o grupo que treinou no regime excêntrico obteve um maior aumento do comprimento do fascículo e do volume muscular comparado com o grupo de treino convencional, mas o aumento no ângulo de penação do fascículo foi maior no grupo de treino convencional. É de suma importância salientar que os sujeitos treinados nesse estudo foram idosos, podendo comprometer os resultados devidos a alterações metabólicas e estruturais em decorrência do envelhecimento. Os resultados mostram à importância de ambas as ações no treinamento convencional, devido às diferentes respostas adaptativas estruturais.


As adaptações fasciculares distintas em ambos os regimes de ação demonstra que ocorrem modificações estruturais diferenciadas para ambos os regimes de ação. O aumento no angulo de penação aumenta o número de sarcômeros em paralelo, possibilitando uma maior geração de força. Já o aumento do comprimento do fascículo incrementa a adição de sarcômero em série, favorecendo a velocidade de contração (BLAZEVICH et al., 2007 & REEVES et al., 2010). Segundo BLAZEVICHI et al. (2007) as adaptações temporais do ângulo do fascículo e comprimento são distintas. Concluindo que as vias de sinalização protéica e a genética são distintas para o ângulo de penação e hipertrofia muscular. Essa conclusão está baseada em seu experimento que avaliou as diferença do ganho de massa muscular dos extensores da coxa no equipamento isocinético na velocidade angular 30º/s, durante 10 semanas de treinamento e 14 semanas de destreinamento. Os resultados demonstraram não haver diferença no ganho de massa muscular. O fator curioso foi não haver diferenças no ângulo de penação e comprimento do fascículo em ambos os grupos. Tais fatos podem estar relacionados com a velocidade de treinamento, tempo de treinamento e as ações puramente concêntricas e excêntricas que são distintas do estudo de REEVES et al. (2010). Já o estudo de HIGBBIE et al. (1996) avaliou o ganho de massa muscular na equipamento isocinético na velocidade 60º/s. Os sujeitos divididos em dois grupos, sendo que um puramente concêntrico e o outro puramente excêntrico. O protocolo de treinamento foi de 3 vezes por semana com um total de 30 sessões de 3 séries de 10 repetições máximas com descanso de 3 minutos. Os resultados mostraram que o grupo que treinou em regime concêntrico adquiriu um aumento de 6,6% da massa muscular do quadríceps e o grupo concêntrico de 5.0%, avaliado por Imagem Ressonância Magnética (MRI). Mostrando novamente a superioridade da ação excêntrica em promover o anabolismo. No entanto, é importante salientar que o grupo de sujeito treinados consistiu apenas em mulheres, o que poderia ser um fator responsável pelo menor ganho de hipertrofia muscular.


No estudo de NORRBRAND et al. (2008) foi elaborados dois equipamentos baseados no treinamento para astronautas. O equipamento denominado de Flywheel (FW) exerce uma maior força externa na ação excêntrica do movimento. Já o equipamento Weight Stack (WS) subestima a força excêntrica. Os sujeitos forma divididos em dois grupos de treinamento que perdurou por 5 semanas. Nas semanas 1, 3 e 5 foram realizados dois treinos por semana. E nas semanas 2 e 4, foram realizados 3 treinos por semana de 4 séries de 7 repetições máximas. Os resultados demonstraram um aumento de 6,2% do volume muscular no equipamento FW comparado com o grupo WS que apresentou 3 % do aumento avaliados por Imagem de Ressonância Magnética (MRI). Esses achados corroboram com o comentário de Reeves et al. (2010) que o treinamento de força deve respeitar a relação da curva de força e velocidade. Determinando uma maior carga na ação excêntrica seguida de uma menor carga na ação concêntrica.


Em relação ao aumento da porcentagem da fibra tipo II comentado por FARTHING & CHILIBECK (2003). O trabalho de VIKNE et al. (2006), avaliou 17 sujeitos treinados durante 16 semanas de treinamento. A musculatura avaliada foi o flexor do cotovelo, a prescrição da carga de treino foi baseado no 1 RM e na maior carga levantada de 4 a 8 repetições. O presente estudo demonstrou que após a 29 sessões de treinamento o grupo excêntrico aumentou a proporção da fibra IIA, cerca de 2.8 vezes mais que a tipo I. A área relativa ocupada pela fibra tipo IIA era menor para o grupo excêntrico comparada com o concêntrico. No entanto após o período de treinamento essa proporção aumentou e a tipo I diminuiu cerca de 9%. Em relação à hipertrofia relativa o grupo excêntrico mostrou um aumento de 10-12%. O grupo concêntrico mostrou uma diferença não significativa de 2-4%. . Essas evidências são esperadas, pois sabe-se que o treinamento resistido provoca transformações da fibra Tipo IIX(B) para Tipo IIA em sujeitos não treinados. Os sujeitos avaliados no presente estudo apresentavam pouco da fibra tipo IIX (B) (2%) e da fibra tipo IIA/X (8%), talvez essa fato tenha acontecido devido ao seu estado de treinamento específico. O importante a ser avaliado foi que a proporção da fibra tipo IIA na fibra muscular aumentou de 64% para 73% no grupo excêntrico. Esses resultados sugerem que o treinamento excêntrico promove uma melhor resposta hipertrofia devido as altas cargas de treinamento desse regime de ação muscular, podendo também influenciar na maior conversão de fibras tipo I para Tipo IIA. No grupo concêntrico houve uma diminuição significativa da fibra tipo IIA.


No estudo de FRIEDMANN-BETTE et al. (2010) foi demonstrado um aumento da área de seção transversa do quadríceps em ambos os grupo de treinamento CON/ECC e CON/ECC+. O grupo que treinou com uma maior carga excêntrica (CON/ECC+) apresentou um aumento na fibra tipo IIX. Consequentemente por uma maior utilização das cadeias pesadas de miosina IIX (MHCIIX). O aumento do percentual da fibra tipo IIX no grupo excêntrico, demonstrando uma adaptação contraria frente ao treinamento convencional de força, onde existe a interconversão das Cadeias Pesadas de Miosina (MCH) da IIX para IIA (IDE et al., 2010). Esses resultados devem ser avaliados com cautela, pois o examinador avaliou atletas com característica de potência muscular que pode interferir no resultado final, devido ao fenótipo. Surpreendentemente o grupo CON/ECC+ apresentou uma melhora no salto vertical em comparação CON/ECC. Tal fato pode sugerir uma melhora do salto decorrente da adaptação morfológicas das fibras de características rápidas ou pelo fato do treinamento em ações excêntricas desenvolver uma melhor resposta do ciclo de alongamento e encurtamento, interferindo diretamente no salto.


Para FRIEDMANN-BETTE et al. (2010) a maior resposta hipertrófica da ação excêntrica pode ocorrer devido ao aumento do IGF-1 e consequentemente do MGF (mechano-growth factor) que é um importante ativador do mTOR, mas o presente estudo não demonstrou alteração do IGF-1. O receptor de andrógeno (AR) do RNAm pode ser um fator importante no ganho de massa muscular mostrado no grupo que treinou com maiores cargas excêntricas, devido a diversos estudos mostrarem alterações nesse receptor após treinamento de força e consequentemente com o maior aumento da FCSA (Área de Secção Transversa Fisiológica) IIX e IIA, mas o presente estudo não avaliou a expressão do AR. O presente estudo demonstrou um aumento do HGF e do MHCneo no grupo CON/ECC+ (maior carga excêntrica), sendo esse fatores importantes para regeneração do tecido e ativação das células satélites (FRIEDMANN-BETTE et al., 2010; FOSCHINI, et al., 2004; KARAGOUNIS & HAWLEY, 2010).


Em relacionado aos marcadores de expressão genética o estudo de KOSTEK et al. (2007) avaliou 5 sujeitos saudáveis, que foram submetidos a uma analise temporal aguda onde realizaram exercícios concêntrico numa perna e simultaneamente na outra perna ações excêntricas. Foi realizada a biopsia antes e após 3, 6 e 24 horas do treinamento. Foram identificadas 51 transcrições moleculares (35 trancritos de upregulation e 16 transcritos de downregulation), para os dois modos de contração. Após usar um agrupamento hierárquico foram identificados 4 grupos distintos, dos quais 3 grupos correspondem a uma única categoria funcional (síntese protéica, resposta ao estresse e inicio do crescimento e estrutura do sarcolema). Nas ações excêntricas houve um aumento na SIX1 de 1.9 vezes após 3 horas comparadas com a concêntrica, na CRSP3 de 2, 9 vezes após 6 horas e MUSTIN de 4.5 vezes após 24 horas. Uma outra alteração importante ocorreu nos reguladores de degradação muscular , o FBOX32/atrogonin- 1MAFBX que sofreram uma down regulation. Após 3 horas a redução foi de 2,7 vezes, após 6 horas de 3,3 vezes e após 24 horas de 2, 3 vezes.


Na verdade, SIX1 tem sido implicado na mudança do tipo de fibra a partir do fenótipo lento para rápida, o que poderia corroborar com o achados de FRIEDMANN-BETTE et al. (2010), VIKNE et al. (2006) e FARTHING & CHILIBECK (2003). A CSRP3 se acredita ser importante na reparação de danos musculares podendo influenciar diretamente na ativação e proliferação das células satélites (FOSCHINI, et al., 2004; FRIEDMANN-BETTE et al., 2010).


A função de MUSTN1 é desconhecida no músculo esquelético. Acredita-se que sua funçaõ esteja relacionada com o aumeto do colágeno e de protinas miofibrilares no tendão e musculos apos o exercicio resitido. No entanto é necessário mais estudoss que analisem o verdadeiro papel da MUSTN 1 (FRIEDMANN-BETTE, et al., 2010).


Em relação ao dano muscular o estudo de PIITULAINEN et al. (2010) compararam o grau do dano muscular da ação excêntrica vc a concêntrica a partir de analise de EMG, MVC e a escala de dor, amostra de sangue e temperatura corporal. O estudo foi dividido em três sessões primarias de mensuração. A primeira depois do exercício, a segunda imediatamente após o exercício (<15min) e a terceira duas horas após a atividade. O protocole de treino foi de 3 séries de 20 repetições na velocidade angular de 120°/s.Os resultados de monstraram que o treino excêntrico causou um mair dano imediato e tardio a musculatura avaliada. No entanto, vale ressaltar que o treino em alta velocidade de execução permite a ação excêntrica gerar mais força e consequentemente diminui a força gerada pela ação concêntrica , devido a relação da curva de força e velocidade (ENOCKA, 1996 & REEVES et al., 2010; VIKNE et al., 2006).


De acordo com ROIG et al. (2009), o treinamento em ações excêntricas propicia um maior aumento da massa muscular e da força em comparação com treino concêntrico podendo causar melhorias na força total em indivíduos saudáveis, promovendo um aumento da massa muscular e da força mais acentuado, possivelmente pela alta capacidade de suportar maiores cargas absolutas de treinamento. É importante avaliar quais foram os métodos de analise para avaliar a hipertrofia muscular e o método de treinamento para não haver interferência no resultado final.


A problemática do treino em ações excêntricas é que o ganho de força é especifico para o modo de contração treinado, sendo essa uma adaptação neural do movimento, dificultando a transferência desse ganho para outras ações musculares. As modalidades esportivas consistem em ações dinâmicas de ambas os regimes de ação. Portanto é de suma importância que o treinamento seja prescrito com a superestimação de ambas as ações musculares (REVEES et al., 2010; ROIG et al., 2009).